ARTIGO SOBRE SURDO CEGO. MUITO BOM!!!

A24 Vida DOMINGO, 5 DE SETEMBRO DE 2010  O ESTADO DE S. PAULO  Ana Julia tem 5 anos e exibe um enorme sorriso ao entrar na sala de estimulo sensorial da Ahimsa.A história da minha vida,/ A.G.A educadoraNiceTonhozideSaraivatrouxeaeducacaodesurdocegos para o Brasil. Em 1953, assistiu a uma palestrada americanHelen Keller em Sao Paulo./ A.G.voltar a enxergar).”Adaptaçãomais informaçõe snesta página). Janine tornou-se avida pelo aprendizado dos sinais. Partiu dos mais concretos – comida e banheiro – para chegar aos abstratos – tais como saudade. A palavra serviu para a garota definir seu sentimento quando a mae visitou o Rio, em 1998, para um congresso do Instituto Nacional de Educacao de Surdos Tato.  e o indicador no queixo do interlocutor. Ao ficar surda, aprendeu a ler os labios. Depois de ficar cega, tocou a boca da mae em um momento de aflicao e descobriu que tambem era capaz de ler os labios com o tato.Apenas tres pessoas no Pais utilizam esta forma de comunicacao. Rodrigues utiliza libras tatil e sabe ler em braile. Trabalha e um computador devidamente adaptado, utilizando o resquicio visual para presidir a Abrasc. Em maio de 2005, Claudia Sofiae Rodrigues tornaram- se o primeiro casal de surdocegos do Pais.Vivem em um apartamento na Vila Mariana, zona sul de Sao Paulo. Gostam de praticar esportes radicais – ele ja foi instrutor de mergulho e ela pulou de paraquedas. Para conversar, utilizam libras tatil. A autonomiados dois impressiona familiares , vizinhos e amigos. E o casal ainda alimenta muitos planos para o futuro. “Quero ter filhos”, afirma Claudia Sofia. “Se necessario, vamos adotar.” Claudia Sofia usa o tadoma para compreender o que as pessoas falam: ela encosta o polegar Em casa.  Rodrigues e Claudia Sofia utilizam libras tatil – uma adaptacao da lingua dos surdos – para conversar no apartamento onde moram na Vila Mariana Integração. Joao complementa sua formacao na Adefav Visita de Helen Keller ao Pais despertou interesse de professora pioneira na America Latina
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A Acompanha da pela mae ,ela realizara exercicios que aprimoram a percepcao do proprio corpo, do movimento e do mundo exterior.Ela  adora deitar em um grande lencol e ser balancada no ar pela mae e pela professora. Ana Julia nao e surdocega.Com baixa visao, ela possui deficiencia multipla, condicao definida pelo glossario do censo da educacao como “associacao, namesma pessoa, de duas ou maisdeficiencias primarias (mental, visual, auditiva ou fisica)”. As tres instituicoes que iniciaramo trabalho com surdocegosno Pais –Fundacao MunicipalAnne Sullivan, Adefav e Ahimsa –ampliaram o leque de atendimento para pessoas com multipla deficiencia. Maria Aparecida Cormedi, diretora tecnica da Adefav, defenderanos proximos meses uma tese de doutorado na Faculdadede Educacao da USP sobre aquisica de linguagem em pessoas com surdocegueira congenita. "Um professor capazde abrir para a comunicacao um surdocego de nascenca sabe auxiliar pessoas com quaisquer deficienciasque dificultam a aquisicao da linguagem”, aponta. Solange Cardoso Keller, da Fundacao Municipal Anne Sullivan, em Sao Caetano do Sul, explica que a mudanca ocorreu de forma progressiva. Pessoas com deficiencia visual ou auditiva associada a outra deficiencia –fisica ou mental –ram encaminhadas pelas instituicoes que soatendiam surdos, cegos ou pessoacom comprometimento  cognitivo,mas nao tinham  experienciacom a ocorrencia simultanea e varias deficiencias.
Ao mesmo tempo, as campanhas de vacinacao contra a rubeola  diminuiram a incidencia de surdo cegueira congenita. Joao Jose de Souza Neto tem 10 anos e,alem de deficiencia auditiva, possui paralisia cerebral.
De manha, estuda na EscolaMunicipal de Ensino Fundamental Joao Ribeiro de Barros, ao lado de criancas sem deficiencia. Passa as tardes na Adefavond e recebe atencao para suas necessidades especiais. Amae, Simone de Souza Farias, considera acompanhia das outras criancas importante para o desenvolvimento do filho. A primeira pessoa surdocega a receber uma educacao formal foi a norte-americana Laura Bridgman, no seculo 19. Morou amaior parte da vida na Instituicao Perkins para Cegos, em Boston. Na decada de 1880, Laura dividiu o quarto na entidade com Anne Sullivan.Anne foi professora da surdoceg mais famosa do mundo: Helen Keller.Em sua autobiografia( Editora Jose Olympio), Helen descreve omomento mais importante da sua vida, quando tinha 7 anos: “Descemos o caminho para a casa do poco (...). A srta. Sullivan colocou minha mao sob o jorro da agua. Enquanto a fria corrente despejava- se sobre uma de minhas maos, a srta. Sullivan soletrava na outra a palavra agua, primeiro lentamente, depois rapidamente.
(...) De repente, senti (...) o eletrizar de um pensamento que voltava; e de algum modo omisterio da linguagem foi revelado a mim.” “Soube entao que ‘a-g-u-a’ significava amaravilhosa coisA fresca que fluia sobre minha mao. Aquela palavra viva despertou minha alma, (...) libertou- a! Ainda havia barreiras, e verdade, mas barreiras que poderiam ser varridas com o tempo.”

Nice conhecia bem a biografia da conferencista e decidiu conversarcomela no fim do evento. Helen, surdocega desde a infancia, dominava o tadoma e nao teve dificuldade para  compreende o ingles canhestro da brasileira.
Ao tocar seus labios, Helen repetiu as palavras “Padre Chico”, instituicao para surdos, em Sao Paulo, onde Nice lecionava. A professora se emocionou. Em 1960, Nice viajou para os EstadosUnido  se estagiouna Escola Perkins para Cegos, no DepartamentodeSurdos. Ao voltar para o Brasil, criou classes especiais para surdocegos eentidades que atendiam pessoas com deficiencia visual ou auditiva.No dia 9 de agosto de 1968, um decreto criou em Sao Caetano do Sul, na Grande Sao Paulo, primeiraescola especial para deficientes audiovisuais da America Latina. Em 1977, a instituicaoreceberia o nome Fundacao Municipal AnneSullivan, Em homenagem a professora de Helen. Afundacao serviu como berco para outras duas entidades importantes na historia da educacao de surdocegos no Pais. Em  1983, alguns profissionais deixaram SaoCaetano do Sul para fundar,em Sao Paulo, a Associacao para Deficientes da Audio Visao
(Adefav). Neusa Bassetto, que trabalhavacomNicedesde1970, participou da iniciativa. Em 1991, outro grupo se separou da Anne Sullivan e fundou, tambem em Sao Paulo, a Ahimsa. As tres entidades disseminaram  conhecimento sobre educacao e surdocegueira no Pais. Margarida Monteiro, por exemplo,era professora do Instituto Benjamin Constant (IBC), no Rio,uma entidade que atende pessoas com baixa visao.Em contato com os educadores paulistas, decidiu criar um grupo para surdocegos no IBC. Seu primeiro aluno foi Carlos Jorge Rodrigues, atual presidente da Associacao Brasileira de Surdocegos
(Abrasc). Certa vez, Margarida soubede um rapaz q ue se tornara deficiente audiovisual apos uma neurocisticercose Resolveu visita-lo.Estava no sofa da sala com a televisao ligada –naturalmente, nao podia assisti-la. Com a ajuda da professora, o jovem recuperou suacapacidadedecomunicacao.
No dia 13 de julho de 1995, NicerecebeuaMedalhaAnneSullivan, a principal condecoracao no campo da atencao a pessoas com surdocegueira. O evento ocorreu em Cordoba, na Argentina, durante a 11.ª Conferencia da Associacao Internacional para a Educacao das Pessoas Cegas. Quando voltava parao Brasil,Nice passou mal no aeroporto e foi levada a um hospital argentino. Morreu dias depois.

Novos rumos Instituições nasceram de encontro em 1953 PARA LEMBRAR Para superar a escuridão e o silêncio Mesmo sem a visão e a audição, surdocegos aprendem a linguagem; associação aponta 2.750 pessoas com a condição no País FOTOS:JF DIORIO/AE ENTIDADES AMPLIAM ATENDIMENTOS Experiência adquirida é usada para abrir janelas da comunicação a pessoas com outras limitações
CLÁUDIA SOFIA PEREIRA EX-PRESIDENTE DA ASSOCIACAO
BRASILEIRA DE SURDOCEGOS (ABRASC)
“Aprendemos a nos aceitar e a viver como somos. Seria um choque muito grande( Americana é símbolo para movimento ●
Alexandre Gonçalves
Como arrancar uma crianca surda e cega do isolamento? Como ajudar um adulto que, depois de perder a visao e a audicao, nao consegue transpor as muralhas sensoriais de seu novo mundo? Ha cerca de 50 anos, pedagogos, psicologos e professores ajudam os2.750 brasileiros surdocegos– como as entidades pedem para que os portadores da dupla deficiencia sejam chamados– a superar o silencio e a escuridao. O numero, uma estimativa da Associacao Brasileira de Surdocegos (Abrasc), so inclui pessoas que tiveram algum acesso a educacao e,por isso, figuram nas estatisticas. JanineFarias nasceu prematura e passou dois meses em uma UTI pre-natal improvisada na cidade de Itabuna, a 440 quilometros de Salvador. Ao sair do hospital, os pais descobriram que era cega.Com 8 meses de vida,  surdez foi diagnosticada. “Eu me sentia muito sozinha”, recorda Samara Farias, mae de Janine. “Me sentia a unica mae de uma crianca surdocega no Pais.” Com 3anos ,a menina apresentava um comportamento agressivo: nao gostava de ser tocada, puxava os cabelos e se mordia.Queria sair de dentro de si, mas nao conhecia a linguagem. Ainda nao havia palavras no seu universo interior: apenas um turbilhao de sensacoes e sentimentos sem ordem. Mas Samara descobriu intuitivamente a principal forma de comunicacao dos surdocegos: a libras tatil. O deficiente segura as maos do interlocutor, que realiza os gestos da lingua brasileira de sinais (libras), usada pelos surdos.A  mae recorda o primeiro conceitoque Janine aprendeu: agua. No banho , ao matar a sede ou quando abria a torneira, Samara repetia o sinal da agua nas maos da crianca. Nao demorou para que a garota descobrisse o segredo da comunicacao: osinal representa o conceito. Helen Keller, a famosa surdacega americana do inicio do seculo 20, tambem penetrou no mundo da linguagem pela palavra “agua” ((Ines).Noevento,Samara descobriu que ja existiam tres instituicao e em Sao Paulo especializadas em surdocegueira: a FundacaoMunicipalAnneSullivan, em Sao Caetano do Sul, a Adefav e a Ahimsa, na capital paulista. Ela nao estava mais sozinha. E impossivel estabelecer um padrao para ajudar essas pessoas”, explica Shirley Rodrigues Maia, da Ahimsa. “Cada uma delas tem necessidades especificas.” Alguem que perdeu a audicao e a visao depoisdeja ter aprendido a linguagem enfrenta desafios diferentes dos encontrados por Janine e Samara. A paulista Claudia Sofia Indalecio Pereira tem 40 anos. A caxumbaeosarampotornaram- na surda aos 6 anos. A retinose pigmentar roubou progressivamente sua  visao.
Com 19 anos ,no Natal, disse amae enquanto a familia assistia a televisao: “ Nao vejo mais nada.” O carioca Carlos Jorge Wildhagen Rodrigues, de 50 anos, nasceu surdo. Ele tem sindrome de Usher ,que causa surdez congenita acompanhada por perda progressiva da visao. Com 10 anos, comecou a ficar cego. Depois do ensino medio, tornou-se digitador. Trabalhou 11 anos,masa cegueira obrigou-o a se aposentar. Foi o primeiro aluno surdocego do Instituto Benjamin Constant (IBC), no Rio.

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